domingo, 11 de julho de 2010

Crer

O pior castigo que alguém pode merecer é a incredulidade. Porque com ela, normalmente, vem a indiferença. Imaginem quando a própria voz ecoa no vento, no nada, e não ressoa pra ninguém. Pode-se falar, espernear, dizer em todas as línguas possíveis, até tentar dar algum exemplo em contrário, e nada. A criatura fica ali, parada no vácuo.
Todo o esforço que porventura fizemos para tentar mostrar a nossa alma, ou mesmo provar o valor da nossa honra, ou a nobreza dos nossos atos, pode ir por terra em um minuto. E depois não adianta mais nada.
Porque a incredulidade é tão cética que não acredita nem nela mesma. O príncipe virou sapo, o palhaço saiu do picadeiro, o filme acabou e ninguém entendeu o roteiro, a piada terminou e ninguém riu. Descrença é como isso. Não adianta tentar remendar depois.
A fé se foi. O sonho findou. O castelo ruiu sobre a areia. O cristal quebrou. É o fim? Não sei. Também não creio em fins. Creio em reinícios. São difíceis, são árduos, dependem de muito esforço e uma enorme plástica na cretinice, mas talvez, só talvez, tenha jeito.
A descrença pega. Mina uma pessoa, transmite-se a quem tá na volta e de repente tá todo um planeta olhando pra o sujeito de uma forma agnóstica. Por isso sempre vale a pena o trabalho de reconquistar o elo perdido com a fé alheia. Porque quando um mundo passa a desacreditar em alguém, difícil esse alguém continuar a acreditar em si. Porque o nosso valor precisa de espelho. Tem que bater no mundo e retornar respaldado. Pode ser que eu seja inocente, ou até muito crédula pra dizer isso, mas a verdade é que, apesar dos horrores que tenho visto e ouvido, continuo a crer na humanidade.Tudo depende do tamanho da alma de cada um. A minha é grande. É crente, até boba. Fazer o quê.
Pode ser que a providência ainda acredite em mim... isso seria bom.

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